Fundação Hemominas: 38 anos produzindo conhecimento e inovação nas áreas de hematologia, hemoterapia, células e tecidos
Fundação Hemominas: 38 anos produzindo conhecimento e inovação nas áreas de hematologia, hemoterapia, células e tecidos
“Temos uma instituição reconhecida nacional e internacionalmente. O olhar no futuro, o apoio e confiança indispensáveis de parceiros públicos como o estado, município e outras instituições e dos doadores de sangue e pacientes, bem como a cumplicidade de toda a equipe – os que atuam diretamente comigo e os que estão cada um no seu mister, construindo a Hemominas a cada passo -, foram os responsáveis pelo nível a que chegamos hoje. É imensurável a minha felicidade e gratidão em participar desse processo e liderar uma equipe em que todos buscam a mesma coisa”.
A fala, da presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, evoca os 38 anos da instituição, celebrados neste dia 10 de janeiro, instituição cuja finalidade é assegurar unidade de comando e direção às políticas estaduais relativas à hematologia e hemoterapia, garantindo à população a oferta de sangue e hemoderivados de qualidade, como atesta a conquista da terceira recertificação internacional pela American Association of Blood Banks e Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
Atributos que alcançam maior significado ainda ao repercutir a apreciação do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti Vitor, expressa durante a recente inauguração do Posto Avançado de Coleta Externa (PACE) em Viçosa:
Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti Vitor: "Hemominas tem o melhor sangue do Brasil" - Fotos: Adair Gomez
“Minas Gerais, com a Hemominas, tem hoje o melhor sangue do Brasil. É a única que inativa patógenos – parece muito técnico, mas o sangue da Hemominas passa por esse processo em Belo Horizonte, tornando o sangue mais puro, por assim dizer, porque consegue inativar, entre outros, qualquer patógeno de dengue ou Covid que tiver. Ela produz os hemocomponentes mais seguros possíveis do Brasil e, assim, todos podem ter certeza de que estão recebendo um sangue de muita qualidade. E é motivo para se orgulhar, porque a Hemominas é pública, é de cada mineiro”, salientou.
O processo ao qual o secretário se refere é a Técnica de Redução de Patógenos (TRP), aplicada desde 2021 pela Hemominas - o único serviço público do Brasil que a adota. A TRP amplia a segurança transfusional ao inibir os agentes infecciosos no sangue antes da transfusão, reduzindo a transmissão bacteriana e também inativando agentes endêmicos, tais como: coronavírus, dengue, Zika, Chikungunya, malária e febre amarela. A inativação de patógenos, além de melhorar a qualidade do processo transfusional, também vai impactar no aproveitamento dos estoques de plaquetas e aumentar de cinco para sete dias a vida útil desse produto.
Outro fato a se comemorar: este ano, a Hemominas encaminhou à Hemobrás o total de 32.998 bolsas de plasma para a produção de hemoderivados. A Hemobrás - Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia, é uma empresa pública que pesquisa, desenvolve e produz medicamentos hemoderivados e biotecnológicos para atender prioritariamente ao SUS.
Aliados a outros avanços como a inauguração de três PACEs em alguns municípios, inaugurados Pará de Minas, Varginha e Viçosa, assegurando aos cidadãos mais conforto e condições de exercerem o ato solidário de doar sangue, bem como a aquisição da Unidade Móvel de Coleta para percorrer localidades onde a Hemominas não tem unidades, a instituição também se referencia na área de processamento celular do Cetebio, com a criopreservação de células para transplante de medula óssea.
A se considerar, ainda, a implantação do projeto PBM (Patient Blood Management), que apresenta a lógica do atendimento individualizado do paciente: a proposta visa a incentivar e capacitar os hospitais contratantes objetivando a otimização das transfusões - atualmente, cerca de 40 hospitais já aderiram ao programa. A iniciativa, conjunta à Secretaria de Estado da Saúde, atenta às necessidades atuais relacionadas à segurança e sustentabilidade da medicina transfusional e também ao chamamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a necessidade urgente de implantação de políticas de PBM.
Biobanco: mais de 100 amostras coletadas - Fotos: Adair Gomez
E mais: o Biobanco, implantado em 2021, já armazena mais de 100 amostras biológicas humanas como soro, plasma, DNA de células e DNA/RNA livre no plasma. As amostras, coletadas de doadores de sangue, podem ser usadas em diferentes tipos de pesquisas e são essenciais nos estudos de desenvolvimento e validação de testes diagnósticos, contribuindo para investigações futuras de novas epidemias ou doenças reemergentes.
Estas e outras conquistas compõem a história da Fundação Hemominas.Com origens que remontam a 10 de janeiro de 1985, com a criação do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais, unidade então subordinada à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a Fundação desenvolve atividades nas áreas de prestação de serviço, assistência médica, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção, controle de qualidade e educação sanitária.
Para resgatar um pouco dessa caminhada, vale lembrar alguns dos passos que foram edificando a construção da Hemominas ao longo do tempo.
De volta ao começo Ao final da década de 80, as unidades regionais de hematologia e hemoterapia de Juiz de Fora, Montes Claros, Govenador Valadares já existiam, vinculadas à Fhemig. No início dos anos 90, ainda na gestão de Laércio de Melo, elas passaram a integrar a estrutura orgânica da Fundação Hemominas, devido oà necessidade de se padronizar sistemas e procedimentos para assegurar mais segurança e eficiência ao trabalho executado. Hoje, são 22 unidades localizadas nas várias macrorregiões do estado, complementadas pela implantação de 11 PACEs, além do Cetebio e da Administração Central.
Em 1999, buscando-se a integração das unidades, surgiu a ideia de Rede para configurar um mesmo desempenho e qualidade na busca da melhoria contínua, investindo-se em tecnologia, capacitação de pessoal. das unidades e diretorias.
Centralização da Sorologia: sistematizando a gestão das unidades - Fotos: Adair Gomez
Em 2005, outra conquista foi a centralização da sorologia para sistematizar a gestão das unidades, com vistas a uma maior eficiência em todos os campos, inclusive a qualidade, “semente que germinou, substanciando o programa de gestão da qualidade atual; a construção e competência do ontem alicerçando os avanços de hoje, que redundaram em nossa terceira certificação do Hemocentro de Belo Horizonte”, comemora Cioffi.
Em anos recentes, embora tenha atravessado tempos de dificuldades financeiras, com redução do quadro de pessoal, exigindo austeridade ainda maior na gestão dos recursos, a Hemominas conseguiu manter as atividades essenciais e estratégicas para garantir o suporte aos hospitais e estabelecimentos de saúde e, hoje, apresenta resultados que atestam seu reconhecimento em nível nacional e até internacional.
Entre as conquistas da Fundação no período, constam a consolidação do planejamento estratégico, do sistema de gestão (do doador e prontuário eletrônico), a terceira certificação, o crescimento tecnológico, o avanço na regionalização da produção, as pesquisas e parcerias internacionais.
Um grande e dos mais importantes desafios foi o projeto Cetebio – Centro de Tecidos Biológicos - cuja ideia de criação remete ao início dos anos 2000 e cuja concretização, em 2010, envolveu parcerias fundamentais como: Fapemig, Secretaria de Saúde de Minas e a Secretaria de Saúde e Tecnologia do Ministério da Saúde. Hoje, o Cetebio não é mais um projeto: é uma parte da Hemominas que atua na prestação de serviços especializados de alta complexidade em atividades de coleta, processamento, controle de qualidade, criopreservação e distribuição de células e tecidos biológicos, criando e preservando saúde, fornecendo produtos que pressupõem uma melhor qualidade de vida a pacientes, abrindo-lhes a possibilidade de sobreviver a doenças graves.
Cetebio: criopreservação de células para transplante de medula óssea - Fotos: Adair Gomez
Sua implantação já provocou mudanças no cenário de transplantes em Minas, com o advento da criopreservação das células progenitoras, envolvendo principalmente o Banco de Medula Óssea. Para se ter uma ideia, apenas em 2022 o Centro de Processamento Celular (CPC) do Cetebio prestou serviços para o maior número de pacientes, desde o início das atividades em 2013. Foram processadas 665 unidades de produtos médicos de origem humana para utilização em transplantes de 296 pacientes.
Adicionalmente, o Cetebio realizou todos os procedimentos técnicos necessários e solicitou à vigilância sanitária o alvará para produção de soro autólogo para o uso oftalmológico. Com relação aos tecidos biológicos, as validações de processos técnicos do Banco de Membrana Amniótica foram finalizadas com sucesso. Além disso, tiveram início os testes operacionais dos processos técnicos do Banco de Pele.
Registros de 2022
Em 2022, a Hemominas coletou 258.668 bolsas de sangue, produziu 687.571 hemocomponentes, realizou 4.073.914 testes laboratoriais e 52.351 consultas ambulatoriais em doenças hereditárias do sangue. Também cadastrou, aproximadamente, 15 mil candidatos à doação no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea, realizou 3.618 exames do Sistema de Antígenos Leucocitários Humanos (HLA), atendeu cerca de 100 famílias, através da realização de 550 testes de HLA aparentados de receptores e doadores de transplantes alogênicos de medula óssea; também processadas 605 Unidades de Células Progenitoras do sangue para uso em transplantes de medula óssea.
Em relação à produção científica institucional, servidores da Fundação foram coautores de 22 artigos publicados este ano, sendo dois estudos em pacientes com hemofilia, sete em pacientes com anemia falciforme, cinco sobre patógenos com potencial de transmissão por transfusão e outros oito relacionados ao SARS-CoV-2 e COVID.
Investimentos superiores a 8 milhões de reais em equipamento técnicos e de TI viabilizaram, por exemplo, a aquisição e implantação do sistema automatizado de monitoramento de temperatura para toda a rede, garantindo maior segurança e qualidade dos produtos.
Por sua vez, a área de Planejamento e Finanças lançou três novos cursos na Plataforma EaD, dirigidos aos públicos interno e externo: Triagem Clínica, Treinamento em Primeiros Socorros: Urgências e Emergências, Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ. Ainda realizadas mais de 3,6 mil atividades de ensino (teórico e prático) para profissionais dos Estabelecimentos de Saúde conveniados à Fundação, estudantes e professores, profissionais de outras instituições e servidores.
Unidade de Coleta Móvel: chegando aonde o doador está - Fotos: Adair Gomez
Com relação à Gestão Institucional, destaca-se a aquisição da Unidade Móvel de Coleta, um ônibus totalmente adaptado, com todos os mobiliários e equipamentos necessários ao funcionamento de uma Unidade de Coleta de Sangue. Ela vai possibilitar a realização de coletas de sangue em cidades ou localidades com expressivo potencial de doadores de sangue que não contam com unidades fixas da Hemominas, com capacidade para atender de 60 a 80 candidatos à doação por dia. A se considerar, ainda, investimentos em reformas e adequações de várias unidades da Fundação, em equipamentos de Informática e melhoria da infraestrutura em Tecnologia, Informação e Comunicação.
Outra área em foco em 2022 - a Comunicação – contemplou a alteração no layout do portal, tornando-o mais dinâmico, atual e interativo. Vale observar que a utilização dos recursos eletrônicos na comunicação permitiu enfrentar as dificuldades do momento de pandemia, aproximando a instituição da população em geral, promovendo a interação, debates, discussões e diálogos. A realização de lives, eventos institucionais, vídeos, reportagens e de campanhas específicas executadass pela Assessoria de Comunicação Social e por todas as unidades da Rede Hemominas, sem dúvida contribuíram na mobilização de doadores de sangue e medula, bem como o atendimento à imprensa, a quem a Hemominas agradece pelo indispensável e permanente apoio à causa da doação de sangue e medula óssea.
Perspectivas
Doadores de sangue: vida em movimento - Fotos: Adair Gomez
E o que reserva o futuro imediato?
Perseverar na busca e administração de recursos, para assegurar qualidade na prestação de serviços como um todo, é a realidade que se impõe: “O contingenciamento nacional e estadual nos faz buscar alternativas, refletir fora da caixa para identificar oportunidades de superação, desenvolvimento, mesmo em tempos adversos. Tentamos garantir o que fazemos, avaliar todas as nossas atividades, pessoas, cenários externos e internos como caminhos para o crescimento ou manutenção do que já conquistamos. E, ao olhar para trás, gratifica-nos constatar os benefícios que a Fundação trouxe à sociedade: hoje, a Rede Hemominas apresenta uma cobertura hemoterápica superior a 90% em todo o estado. São cerca de 600 entidades conveniadas, incluindo hospitais públicos, filantrópicos e particulares, alcançando aproximadamente 800 municípios, direta ou indiretamente - a meta é alcançar 100% dos procedimentos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). E, claro, ampliar cada vez mais a captação de doadores de sangue e de medula óssea, cujos dados em 2022 registram cerca de 312 mil e, aproximadamente, 15 mil candidatos, respectivamente”, destaca a presidente.
E nada melhor para celebrar os 38 anos da Hemominas do que os cumprimentos de um servidor que quis permanecer anônimo: “Só com muito trabalho, carinho e dedicação é possível exercer o ofício de administrar um bem público. Além disso, manter o equilíbrio nas fases difíceis e complexas não é nada fácil. Mas tudo isto vale a pena porque se reflete no bem de uma sociedade que busca a cada dia melhores condições de saúde”.
E esta é a missão da Fundação Hemominas: construir saúde, preservando vidas por meio das veias solidárias de seus doadores e parceiros de jornada!