Cerca de 160 pessoas, entre especialistas nacionais e internacionais, educadores e pesquisadores, participam dos debates no seminário “Saber para Cuidar: Doença Falciforme na Escola”, promovido pelo Cehmob/MG – Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias, que acontece nesta terça e quarta-feira (26 e 27/06), em Belo Horizonte. O seminário tem como objetivo substanciar a construção do projeto de educação para capacitar professores da rede estadual de Minas Gerais, visando melhores cuidados à pessoa com doença falciforme.

 

Na abertura do seminário, nesta terça-feira (26/06), foi assinado um Ato de Compromisso para celebrar a cooperação técnica entre as Secretarias de Estado de Saúde e de Educação de Minas Gerais, a Universidade Federal de Minas Gerais (Faculdade de Medicina), o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad/ UFMG) e a Fundação Hemominas, para a execução do projeto “Saber para cuidar: doença falciforme na escola”.

O subsecretário de Políticas e Ações em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Mauricio Rodrigues Botelho, falou da importância de trabalhar as doenças complexas, como a doença falciforme, de forma integral. “A doença falciforme tem um impacto social e econômico que ainda não temos toda a sua dimensão. A pessoa sofre, além dos sintomas da doença, também no ambiente social. O modelo do enfrentamento da doença falciforme em Minas Gerais é vitorioso”, informou.

A representante do Ministério da Saúde, Joice Aragão de Jesus, salientou o pioneirismo do Estado de Minas Gerais nos trabalhos realizados com a doença falciforme. “O trabalho desse seminário assume uma grandiosidade que irá repercutir em todo o Brasil. Nenhuma criança ou jovem deve deixar a escola devido às crises da doença. A educação tem papel fundamental para a inclusão das pessoas com doença falciforme na sociedade. A integralidade faz parte do processo de cidadania, afirmou”.

Raquel Elizabete de Souza Santos, subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, destacou que é necessário preparar os professores para os desafios que eles enfrentam. “Esta parceria que visa a capacitação de todos os profissionais da escola faz com que eles conheçam as dificuldades do aluno para fazer um acolhimento apropriado a estas crianças e jovens”, disse.

A presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, ressaltou que a instituição sempre se preocupou com o acompanhamento escolar de seus pacientes por meio das atividades realizadas pelos pedagogos da Hemominas. “Visando a qualidade de vida da pessoa com doença falciforme sempre pensamos em uma parceria com a Educação. A criança precisa ser incluída no meio social representado pela escola”, completou.

“Já conseguimos tornar a doença falciforme visível dentro do Sistema Único de Saúde. Agora temos que torná-la conhecida na sociedade. Temos que prover o apoio institucional para que estas pessoas sejam inseridas em todos os níveis sociais, tais como, educação e trabalho. A Fundação Hemominas tem ajudado enormemente neste processo de integralidade da pessoa com doença falciforme”, encerrou José Nelio Januario, coordenador do seminário.

Projeto

Minas Gerais possui mais de 6 mil pessoas com doença falciforme. Na cidade de Belo Horizonte, este número é de 270 pessoas, sendo 158 com idade escolar, de 6 a 14 anos. A doença falciforme faz com que este aluno tenha uma baixa frequência escolar, que prejudica a sua formação educacional e consequentemente traz problemas sociais, econômicos, emocionais e psicológicos.

O projeto “Saber para Cuidar: Doença Falciforme na Escola” tem como objetivo, por meio da capacitação dos profissionais da educação, minimizar estes problemas. “A escola deve ter conhecimento das questões que afetam a pessoa com doença falciforme para poder trabalhar com o aluno na sala de aula. Como o aprendizado da criança é afetado pela doença, isto acarreta um déficit educacional e de permanência do aluno na escola. Nosso objetivo é fortalecer a capacidade técnica dos professores em doença falciforme”, afirmou Cristiane Rust, coordenadora do Centro de Educação do Nupad.

O projeto consta de três etapas: mobilização de todos os envolvidos para levar o projeto aos professores; capacitação e produção de material informativo; e utilização da metodologia do ensino à distância.

Para a presidente da Dreminas – Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Minas Gerais, Maria Zenó Soares da Silva, o projeto é uma esperança para cerca de 2 mil pessoas em idade escolar que possuem doença falciforme no Estado. “Mais de 90% dessas pessoas não concluíram o Ensino Médio devido às dificuldades que enfrentam. A iniciativa faz parte da integralidade da atenção à pessoa com doença falciforme e uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas”, concluiu.

O seminário “Saber para Cuidar: Doença Falciforme na Escola” será encerrado com a apresentação de propostas para inclusão no projeto.